Culturas indígenas, resistência nos territórios, luta contra o racismo e diversidade são temas que nem sempre fizeram parte das reflexões que norteiam a produção de um acervo ou de uma instituição museológica. Foi pensando nisso e também na nova definição da instituição, aprovada em agosto pelo Conselho Internacional de Museus (Icom), que a 12ª edição do Encontro Paulista de Museus (EPM) incluiu essas e outras questões entre os temas em debate. O evento termina hoje (10) na sede do novo Museu do Ipiranga, em São Paulo.
“Bem-viver, território, antirracismo, diversidade: com quantos termos se faz um museu?” foi o tema escolhido para esta edição. “O encontro permite absorver as nossas realidades, problemáticas, os desafios que a gente enfrenta como sociedade, em consonância com a museologia”, afirma Paula Paiva, coordenadora de Museus da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. A nova definição de museus do Icom incorporou termos e conceitos como sustentabilidade, diversidade, comunidade e inclusão.
“Um museu é instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade, que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o patrimônio material e imaterial. Os museus, abertos ao público, acessíveis e inclusivos, fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Os museus funcionam e comunicam ética, profissionalmente e com a participação das comunidades, proporcionam experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimento”, diz o texto da nova definição.
Um exemplo prático dessa proposta, segundo Paula, é o Museu das Culturas Indígenas, inaugurado em junho deste ano. “A gestão não é só feita pelo Estado, mas também pelos próprios indígenas. Eles participam da produção, fazem a entrega, trabalham na concepção. Não é só para eles, mas com eles, com a construção do olhar deles”, explica. Para ela, encontros como o desta semana permitem ampliar os debates e definir estratégias futuras, não só por meio do Estado, mas que coloquem essas perspectivas e valores em prática na sociedade.
Em um dos debates, na tarde dessa quarta-feira (9), a museóloga Inês Gouveia falou sobre a necessidade de repensar os museus na busca de construir uma sociedade mais justa. A pesquisadora Ana Cláudia Sanches Batista, citada por Inês, reforçou a ideia de que a ausência de políticas públicas contribui para apagar memórias. “É preciso pensar não só nos museus, mas nos monumentos que a gente tem nas cidades,
O sociólogo Tiaraju Pablo D’Andrea destacou a necessidade de conhecer a resistência feita “por nossos ancestrais, lutadoras e lutadores que se comprometerem por uma sociedade melhor”.
A programação do Encontro Paulista de Museus , organizado pelo Sistema Estadual de Museus (Sisem-SP) em parceria com a Acam Portinari, é gratuita, tem transmissão pela internet e pode ser conferida nositedo evento.
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