O projeto “Encontro de Mulheres do Agro” promoveu uma roda de conversa nessa sexta-feira (26), durante a programação da II Expo Agro Sertão, que acontece até este domingo (28), no Parque Pedro Chaves, no município de São João do Rio do Peixe. Promovida pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap-PB), a iniciativa no Sertão paraibano teve como tema “Histórias, Lutas e Conquistas”.

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O secretário da Sedap-PB, Joaquim Hugo Vieira, enfatizou a importância do projeto “Encontro de Mulheres do Agro” e das ações que vem realizando em várias regiões da Paraíba. “É um momento, dentro da programação das feiras e exposições do agro, para que sejam debatidos temas de interesse das mulheres, para que se trabalhe o reconhecimento e se valorize o protagonismo feminino no agro”, comentou.

A assessora de Gestão Social da Sedap-PB e idealizadora do “Encontro de Mulheres do Agro”, Márcia Dornelles, abriu a roda de conversa dessa sexta-feira. Inicialmente, ela apresentou o programa e seus objetivos. Também abordou a iniciativa para se garantir que o circuito de eventos do agro seja transformado em política de estado, visando assegurar a realização de um número mínimo anual de feiras e exposições.

Em seguida, Márcia Dornelles demonstrou como as mulheres merecem e precisam ter o reconhecimento do protagonismo que exercem no meio rural. “Normalmente, as mulheres são mostradas como ajudantes do marido. Mas elas têm papel fundamental no meio rural, de igual para igual com os homens”, frisou. Ela acrescentou: “Não se está querendo aqui separar o casal, apenas se busca o reconhecimento do trabalho da mulher”.

Durante a roda de conversa, Márcia Dornelles apresentou às participantes as conquistas históricas femininas, obtidas sempre por meio de muita luta que resultou em leis. “Os homens podiam tirar a vida da mulher adúltera. A mulher não tinha direito a voto e a ser votada. Só com a Constituinte de 1988 é que a mulher passou a ser reconhecida como cidadã igual ao homem”, destacou.

Temas como a importância da ocupação de espaços políticos e os tipos de violências, além da física, que as mulheres são vítimas, também foram abordados durante a apresentação. E o caminho apontado para se avançar no respeito aos direitos das mulheres foi a participação feminina e o conhecimento das informações.

A roda de conversa contou, ainda, contou com a participação de Maria Edvaneide. Agente de saúde, graduada em Gestão Pública e microempreendedora, ela apresentou suas experiências de vida. Filha de agricultores, ela destacou que ter informação é importante: “Não é porque se está na roça que não precisa de conhecimento”. Ela disse que voltou a estudar e mudou a própria realidade. “A gente precisa acreditar na gente. Eu descobri que poderia ir adiante”, completou.

Já Jéssica Pedrosa contou que cresceu com o exemplo positivo dos pais incluindo as três filhas no aprendizado das coisas do campo. “A gente via como as coisas eram feitas, tomou gosto”, disse. O incentivo a fez cursar a graduação em Agroecologia e seguir os estudos no mestrado. O conhecimento adquirido é aplicado na propriedade da família. “Busquem informação, crédito, assistência técnica. Vejam o que está acontecendo no mercado local, aprendam e não desistam”, completou.

Vaneide Pedrosa, que trabalha com a produção de mel, contou como trabalha em parceria com o marido. Assim como Marilene Leite, outra participante, apresentou sua experiência e o conhecimento adquirido com os pais agricultores.

Na mesma linha, Aparecida Almeida falou sobre suas vivências. Depois de perder o emprego no setor público, apostou no setor de promoção de festas. Buscou conhecimento, linha de crédito, não temeu os desafios e empreendeu. O resultado foi ser reconhecida como a melhor promotora de eventos da região. Paralelamente, cursou Direito, retornou ao serviço público e, após 30 anos trabalhando com festas, decidiu repassar aos filhos a empresa e retornou ao campo. “Eu sempre procurei ser a melhor no que eu fazia. O melhor bolo, a melhor decoração, ter o melhor espaço...”, frisou.

A especialista em Gestão Estratégica, Marilene Souza, também participou do “Encontro de Mulheres do Agro” e, pontuou, também, o conhecimento como o principal fator para o empoderamento das mulheres. “É você buscando ser empoderada através do fazer melhor”, apontou.

A gerente do Banco do Nordeste em Cajazeiras, Rogéria Silva, por sua vez, apresentou sua experiência pessoal de assumir um cargo de comando no banco público que mais atua junto ao setor agropecuário. Ela lembrou que sempre buscou estar preparada para agarrar as melhores oportunidades que aparecessem. Foi assim que estava pronta quando surgiu a vaga para a gerência do banco em Pombal em 2014, e depois, para a unidade de Catolé do Rocha: “Eu não sigo o curso, faço o meu próprio caminho”. Ela lembrou que o Banco do Nordeste tem muitos serviços e oportunidades para as mulheres que quiserem empreender no agronegócio.

O “Encontro de Mulheres do Agro” na II Expo Agro Sertão também teve a presença de homens. Um deles foi Edilson Pereira, da Empresa Paraíbana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), que coordena o escritório regional que atua em 12 municípios, incluindo São João do Rio do Peixe.

Programação - A II Expo Agro Sertão acontece até este domingo (28), no município de São João do Rio do Peixe. O evento tem o apoio do Governo da Paraíba, por meio da Sedap-PB. A programação conta com vaquejada, exposição e venda de animais, apresentações culturais sertanejas, concurso gastronômico com destaque para a culinária regional, passeios com animais e touro mecânico.

Além do apoio do Governo Paraíba, por meio da Sedap-PB, a II Expo Agro Sertão tem como parceiros, também, as prefeituras de São João do Rio do Peixe, Marizópolis e Triunfo, o Governo Federal, a Associação Paraibana dos Criadores de Caprinos e Ovinos (Apacco), o Banco do Nordeste, a Federação de Agricultura da Paraíba (Faepa) e o Sistema Nacional de Aprendizagem Rural na Paraíba (Senar-PB).