As mulheres tiveram lugar de destaque na programação da 17ª Expo Monteiro, evento realizado até esse domingo (28), com o apoio do Governo do Estado, através da através da Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap-PB). O projeto “Mulheres Antes da Porteira”, que tem por objetivo dar visibilidade às mulheres como produtoras, identificou várias histórias de protagonismo feminino durante a exposição.
O secretário da Sedap-PB, Joaquim Hugo Vieira, destacou que o projeto tem a função de apresentar o talento e a força da produção feminina. “A ideia é valorizar o talento feminino, é reconhecer a importância da mulher no meio rural, em diversas atividades, É um braço social das ações da Sedap-PB”, comentou.
A prefeita de Monteiro, Ana Paula, enfatizou a importância da presença feminina na Expo Monteiro. “Nós precisamos, cada vez mais, ocupar mais espaços. Prefeitas, somos 54 na Paraíba. Nós precisamos fortalecer esse laço de mulheres para fazer o melhor por todos”, avaliou. A gestora apontou que Monteiro é a cidade que mais produz leite de cabra, com uma média diária de 5 mil litros por dia. Ela ressaltou a importância das parcerias com o Governo do Estado, através da Sedap-PB, com o Sebrae-PB e a Associação Paraibana dos Criadores de Caprinos e Ovinos (Apacco).
A assessora de Gestão Social da Sedap-PB e idealizadora do projeto, Márcia Dornelles, explicou que o projeto Mulheres Antes da Porteira objetiva apresentar a atuação da mulher nos diferentes negócios. “É mostrar o protagonismo feminino dentro das propriedades rurais, é revelar que as mulheres produzem, criam, estão presentes em diversas atividades, desempenhando tarefas e superando os desafios”, destacou.
Criação de animais - Um exemplo de mulher empoderamento é a criadora Carla Alves. Criadora da raça sandi de caprinos, ela apresentou 16 animais na Expo Monteiro. “Eu fui criada na agricultura e depois que eu casei comecei a evoluir a produção”, lembrou.
Artesã de berço - Já Dalila Gomes é também artesã. Baiana de Feira de Santana e filha de Monteiro de coração. “Eu sou artesã desde criança, porque a minha família é uma família de artesãos. A mãe fazia bordado e costura, minhas tias trabalhavam com patchwork, meu pai era artesão com trabalhos em ferro, meus irmãos seguiram o trabalho do meu pai, minha irmã fazia pintura em tecido... Então, eu fui aquela criança que cresceu dentro desse universo de criação artesantal”, pontuou.
Dalila Gomes acrescentou que nunca imaginou que o artesanato poderia ser a sua fonte de renda. Ela fez faculdade, é professora de espanhol. “O artesanato sempre esteve ali. Uns momentos como um hobby, depois como terapia e na própria universidade começou a virar empreendedorismo”, relembrou.
Em 2016, após passar em um concurso público, foi morar em Monteiro. “Aqui os olhos brilharam e comecei a entender que o artesanato que eu fazia como hobby poderia ser uma renda principal”, afirmou. A artesã contou que começou a estudar empreendedorismo e procurou o Sebrae-PB para entender como tornar a arte que sabia um negócio, quando também fez uma pós-graduação em moda e mercado.
Dalila Gomes rememorou que, ao entender como funcionava a moda e o empreendedorismo, revolveu reinvestir no negócio próprio. Dentro do processo, buscou o apoio do Empreender-PB, do Governo do Estado. “Eu estava com o projeto de reforma do meu ateliê e graças ao Empreender-PB, que iniciou a linha de crédito para o artesão. O Empreender-PB chegou no momento certo para trazer esse financiamento para eu poder reformular o meu ateliê e ter um espaço decente de trabalho”, revelou.
A artesã, que começou a fazer pulseiras em macramê, passou a fazer adornos que “embelezam mulheres”. De pulseiras a colares e ombreiras, “a ideia é trazer autoestima às mulheres que vestem as minhas peças”, ressaltou Dalila Gomes.
Irmandade no artesanato - As irmãs Ivandra Cristina Ferreira e Maria Ivonete da Silva são artesãs monteirenses. As duas trabalham com economia criativa e produzem peças feitas de tecido. Ivandra faz ecobags e outros artigos para cozinha. O artesanato como gerador de renda veio após 22 anos ao deixar de trabalhar na área de educação.
“Sou artesã de berço, aprendi com a minha mãe, cresci entre os tecidos”, frisa Ivandra Ferreira. Ela completou: “A volta ao artesanato aconteceu, de início, como uma terapia na época em que eu trabalhava na educação. Depois, eu vi que era uma fonte de renda, que dava para garantir o sustento”.
Já a irmã Maria Ivonete ressaltou que sabia fazer as peças, mas não tinha noção que aquilo podia gerar renda. Com o tempo, foi criando e evoluindo no nível de qualidade das peças e ao contatar o Empreender-PB percebeu o potencial do que produzia. “Eu passei a empreender, a criar peças diferentes e hoje o artesanato é a minha vida”, frisou.
A artesã Rita de Cássia Pereira é natural da cidade de Serra Branca e produz, ao lado do marido, Antônio Hermógenes de Sá, peças em barro. Ela aprendeu a arte feita com as mãos com a mãe. Aos 8 anos, iniciou fazendo peças pequenas e aos 13 anos passou a fazer panelas e outros itens. “Eu sempre trabalhei com o artesanato. Mesmo quando morei em São Paulo, eu nunca deixei de fazer peças em barro. Encarava também como uma terapia. Quando voltei para a Paraíba, passei a encarar mais como uma profissão”, ponderou. E acrescentou que o marido, aposentado, também passou a fazer artesanato e participar de eventos.