A participação da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Paraíba (Secties) foi destaque na Space Week Nordeste 2025, realizada na última semana, no Recife (PE). Com palestras e um estande interativo, a Secretaria apresentou projetos como o Radiotelescópio BINGO, a Cidade da Astronomia e o Esperança no Espaço, evidenciando os investimentos em pesquisa que promovem a popularização e o letramento científico na Paraíba, aproximando a sociedade da ciência e da tecnologia.
Robson Ferreira, assessor técnico da Secties, foi um dos palestrantes do evento. Ele ressaltou que a participação da secretaria na Space Week é fundamental, considerando os projetos que estão sendo desenvolvidos no estado. “A Secretaria apresentou o Complexo Científico do Sertão, com destaque para a implantação do radiotelescópio BINGO, assim como as ações de popularização das pesquisas da ciência como um todo. Há exemplos do Esperança no Espaço, da Cidade da Astronomia, da requalificação do Museu Vale dos Dinossauros e da construção do Museu Científico de Arqueologia da Cidade de Cajazeiras”.
Para o coordenador da Space Week Nordeste, professor doutor Antônio Geraldo Ferreira (UFCE), as parcerias que a Secties vem consolidando, nacionais e internacionais, são determinantes: “Essas parcerias que a Secretaria está estabelecendo em nível nacional, junto com o Ministério de Ciência e Tecnologia, e também as parcerias internacionais, são muito importantes. Além de estreitar relações em nível nacional, também se aproximam em nível internacional. E essas colaborações fazem com que a ciência avance. A população precisa tomar consciência da importância de um governo e de uma secretaria de Estado investir nesses equipamentos. Isso deve ser muito valorizado e, principalmente, divulgado não só em nível de secretaria, mas também junto às escolas e universidades do estado, o que é fundamental”.
Antônio Serginaldo de Oliveira, professor da Rede Estadual de Ensino do Rio Grande do Norte, demonstrou interesse no que tem sido feito na Paraíba em ciência e tecnologia e destacou a relevância de apresentar o Vale dos Dinossauros, em Sousa, aos seus alunos. “Foi uma palestra bem proveitosa, porque pôde mostrar um pouco daquilo que a Paraíba está produzindo em relação à metodologia científica e à introdução da ciência de um modo geral para a sociedade. Além disso, abriu caminhos para que nós, de outros estados, conhecêssemos um pouco do trabalho que está sendo desenvolvido lá. Também possibilita que possamos realizar visitas”, afirmou.
A doutora Aline Veloso, coordenadora de desenvolvimento de competências e tecnologia da Agência Espacial Brasileira, também demonstrou interesse pelo que tem sido realizado na Paraíba e ressaltou a importância de acompanhar os próximos passos do Complexo Científico do Sertão. “O projeto traz um marco muito interessante para a ciência nacional. A construção do radiotelescópio BINGO tem o intuito de desvendar os segredos do universo, entender a matéria escura e as novidades nessa área pouco explorada. Os equipamentos envolvidos nesse circuito científico trazem visibilidade, promovem a ciência e a tecnologia no Brasil, e popularizam o conhecimento ao aproximá-lo da comunidade, mostrando suas aplicações e como podem colaborar científica, tecnológica e economicamente para aquela região”, comentou.
No estande, visitantes puderam conhecer de forma didática e imersiva ações, programas e projetos do Complexo Científico do Sertão, com ênfase no Radiotelescópio BINGO e no projeto Esperança no Espaço. O espaço foi montado no Shopping Rio Mar, no Recife. O coordenador da Space Week Nordeste, professor doutor Antônio Geraldo Ferreira (UFCE), destacou a importância de traduzir a pesquisa em linguagem acessível. “A parte de popularização da ciência que levamos para o shopping é voltada ao público em geral. Lá, ele toma consciência da importância da pesquisa na área espacial, tanto para o país quanto para o dia a dia. Procuramos mostrar às pessoas como a área espacial impacta suas vidas, permitindo que interajam com os estandes, conheçam robôs e maquetes de foguetes”.
O coordenador das ações de divulgação em astronomia e radioastronomia na Secties, Jamilton Rodrigues, também foi palestrante do evento e destacou o alcance dessa articulação do Governo do Estado com a Space Week. “O evento é um espaço muito plural, que reúne um público diverso. Falar sobre o BINGO e sobre a Cidade da Astronomia, dentro do contexto do Complexo Científico do Sertão, é fundamental para atingir esse público, mostrando os impactos que um radiotelescópio traz a uma região como o Sertão paraibano. Esses instrumentos são investimentos estratégicos do Estado da Paraíba e estão à frente de um projeto de inovação científica no Brasil, especialmente para a cosmologia, inserindo a Paraíba nesse cenário mundial. O destaque aqui é justamente permitir que as pessoas compreendam a magnitude dessa pesquisa”.
Os projetos BINGO e Esperança no Espaço foram alguns dos destaques da palestra e do estande da Secties. Ele possibilitou que os visitantes conhecessem os telescópios produzidos por reeducandos da Cadeia Pública de Esperança, no Agreste do estado. No projeto, os apenados participam de aulas teóricas e práticas sobre astronomia, além de receberem instruções para a construção de telescópios. Eles aprendem conceitos básicos de física, matemática e astronomia, adquirindo autonomia para construir os equipamentos. A produção ocorre em uma oficina sem fins lucrativos, e os telescópios artesanais são doados para escolas e universidades públicas da Paraíba.
Os visitantes da Space Week puderam se inspirar nesse projeto e perceber o impacto social da ciência. Foi o caso da professora Danielly Gaspar, do Maranhão, que coordena o projeto Astronomia no Sertão, uma iniciativa de extensão da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), realizada com uma comunidade indígena na zona rural da cidade de Grajaú.
Danielly se identificou com as ações da Secties e destacou como as experiências da Paraíba a inspiraram: “Eu fiquei impressionada com o avanço da Paraíba, como vocês já conseguiram integrar esse projeto em políticas públicas. Isso é fundamental e ainda muito carente no nosso estado. Eu achei incrível a Cidade da Astronomia, o Radiotelescópio, como tudo isso chegou ao interior. Não é comum ver ciência de ponta fora da capital, e essa experiência da Paraíba é algo que queremos conhecer e reproduzir no Maranhão”.
A ideia de Danielly surgiu a partir de um telescópio abandonado encontrado pela professora no campus da UFMA em Grajaú. A partir desse achado, ela iniciou um trabalho de extensão que cresceu e se consolidou como uma iniciativa que leva ciência, tecnologia e inovação para comunidades tradicionais e indígenas, unindo astronomia, robótica e até astroturismo. O projeto já levou jovens indígenas a participarem de competições nacionais, como a Jornada de Foguetes no Rio de Janeiro, e se tornou um marco de inclusão e popularização científica na região.