O mercado brasileiro de data centers atravessa um momento de expansão acelerada, impulsionado pela transformação digital e pela crescente demanda por armazenamento em nuvem. Projeções indicam investimentos anuais de US$ 3,5 bilhões no setor, com expectativa de que a capacidade nacional atinja 1,21 mil MW até 2029. Nesse cenário, Sergipe surge como um destino estratégico para novos empreendimentos, combinando vantagens naturais, políticas de incentivo e uma atuação proativa na prospecção de investimentos.

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A Agência Sergipe de Desenvolvimento (Desenvolve-SE) vem liderando as ações de atração de datas centers, com resultados concretos: pelo menos oito empresas já estão em prospecção ativa, dois Memorandos de Entendimento e dois Protocolos de Intenção foram assinados. Além disso, o estado tem sido presença constante em eventos estratégicos do setor, como Capacity Latam, Data Center AI & Cloud Summit e GRI Data Center.

Entre os diferenciais competitivos do estado, destaca-se a ampla oferta de energia renovável e de recursos hídricos, fatores que pesam diretamente nos custos de operação da indústria. A energia elétrica pode representar até 44% das despesas de um data center, e Sergipe oferece preços competitivos no mercado livre, além de fontes limpas de abastecimento. Já no campo hídrico, o Aquífero Marituba e o reservatório da Usina de Xingó garantem segurança para a operação de sistemas de resfriamento, que exigem grandes volumes de água em funcionamento ininterrupto.

Outro pilar da atratividade é o conjunto de incentivos estaduais. O Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI) oferece benefícios fiscais, creditícios e locacionais. Mais recentemente, foi instituído o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata), um regime tributário especial recém-criado pela Medida Provisória 1.318/2025. O regime visa incentivar a instalação e expansão de data centers no país, desonerando a tributação sobre os investimentos em infraestrutura e pesquisa para desenvolver a cadeia de produção digital. Com isso, há perspectivas para que empreendimentos do setor possam se instalar na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em Sergipe.

Para o diretor de atração de investimento da Desenvolve-SE, Ademario Alves, o setor de data center no Brasil deve receber bilhões em investimentos nos próximos anos e Sergipe não poderia ficar de fora. “A partir das projeções de diversas entidades e que temos confirmado a partir da participação em eventos e em conversas com empresas, o setor de data center deve gerar milhares de empregos, fomentando essa importante cadeia; É um dos setores mais promissores para os próximos anos e Sergipe não poderia ficar fora dessas discussões e das eventuais oportunidades”, destacou.

Primeiros investimentos

Já existe uma empresa do setor de data centers atuando em Sergipe: a Smart Datacenter, parceira da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec). Inaugurado em 2024, este é o primeiro data center local no estado que utiliza energia 100% renovável em suas operações, com o objetivo de impulsionar a transformação digital no estado. 

Além da Smart Datacenter, o Optimus Technology Group anunciou um investimento de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 6 bilhões) para construir um data center e centro tecnológico de pesquisa em Sergipe, na região de Nossa Senhora do Socorro. O projeto visa criar um hub regional de inovação e desenvolvimento tecnológico, atendendo empresas do Brasil e América Latina.

Efeitos no desenvolvimento

A instalação de data centers em Sergipe traz efeitos multiplicadores relevantes. Estudos internacionais mostram que cada dólar investido no setor pode gerar US$ 2,7 adicionais em valor agregado à economia, movimentando cadeias correlatas como energia, infraestrutura e telecomunicações. Além disso, a operação dos empreendimentos demanda profissionais altamente qualificados, o que contribui para retenção de talentos locais e fortalece o ecossistema de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).

Esse movimento se conecta à formação acadêmica e à qualificação profissional no estado. A Universidade Federal de Sergipe (UFS), por exemplo, já oferece curso em Inteligência Artificial, além de programas voltados à ciência da computação e engenharia, que podem atender à crescente demanda por mão de obra especializada. O setor também abre espaço para parcerias com instituições de ensino técnico e profissionalizante, estimulando novas trilhas de capacitação alinhadas às necessidades do mercado.

Combinando recursos naturais estratégicos, arcabouço de incentivos competitivos e uma política ativa de prospecção de investimentos, Sergipe está preparado para se consolidar como referência em infraestrutura digital sustentável no Nordeste. A chegada de data centers não apenas diversifica a matriz econômica, mas também coloca o estado em posição de liderança no setor de tecnologia, alinhado às exigências globais por inovação e sustentabilidade.