O gabinete de crise montado pelo Governo de São Paulo contra a falsificação de bebidas por metanol intensificou suas ações na noite deste sábado (4), com fiscalizações em festas universitárias, bares e adegas. A quantidade de garrafas apreendidas para averiguação desde segunda-feira (29) ultrapassa 7 mil, além das outras 50 mil recolhidas ao longo do ano em todo o estado. Desde o início de 2025, 41 pessoas foram presas – 19 delas na semana passada.
A Secretaria de Saúde confirma 14 casos de pessoas contaminadas por metanol, duas delas vieram a óbito. Outros 148 casos são investigados, sendo 7 mortes , em boletim divulgado na tarde de sábado.
A Polícia Civil segue com as unidades especializadas de investigação mobilizadas para identificar os envolvidos nas adulterações. Uma das linhas de investigação é de que a contaminação pode ter acontecido no momento da limpeza dos vasilhames com metanol.
Policiais estiveram na sexta-feira (3) em um estabelecimento na Casa Verde, na capital, onde uma vítima fatal suspeita teria adquirido bebida alcoólica. No local, foram apreendidas garrafas de bebidas com suspeita de adulteração e sem documentação comprobatória de origem, que seguem agora para perícia.
Na última semana, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, determinou o cancelamento da inscrição estadual de estabelecimentos que comprovadamente venderam bebidas adulteradas com metanol, o que equivale ao fechamento do local, como medida para coibir a venda de produtos perigosos e garantir a segurança do consumidor.
O estado de São Paulo segue com 11 estabelecimentos interditados cautelarmente. As autoridades realizam esse procedimento para colher amostras de bebidas e verificar suspeitas de contaminação por metanol, o que só acontece posteriormente pela Polícia Científica. Até lá, os estabelecimentos podem ser interditados por questões sanitárias, como falta de higiene no local e problemas no armazenamento de alimentos.
As equipes da força-tarefa de fiscalização estiveram em uma tradicional festa universitária em Araraquara na noite de sábado (4). As Vigilâncias Sanitárias estadual e municipal, em parceria com a Polícia Civil, inspecionaram 1.400 garrafas de bebidas do estoque do evento, incluindo vodca e outros destilados.
Foram conferidos notas fiscais, lacres e rótulos dos produtos destinados ao consumo no local, com o objetivo de verificar a procedência e garantir a segurança dos participantes. Não foram identificados indícios de falsificação ou adulteração.
“As ações de fiscalização fazem parte da rotina das equipes e foram intensificadas diante das investigações relacionadas a casos de intoxicação por metanol. Nosso trabalho é preventivo e educativo. Buscamos orientar organizadores e fornecedores para que adotem práticas seguras e garantir que o público possa participar dos eventos com tranquilidade e confiança”, explica Ana Lúcia Spagnol Bose, diretora do Grupo de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo em Araraquara.
No ABC, 10 estabelecimentos foram vistoriados na noite de sábado, seis em São Caetano e quatro em Santo André. As equipes conferiram estoques e a apresentação de notas fiscais. Não foram identificadas bebidas com indícios de adulteração nem realizadas novas interdições. Foram constatadas infrações leves com relação, por exemplo, ao Código de Defesa do Consumidor, como sinalização e cardápio, em ações do Procon-SP.
A intoxicação por metanol é grave, pode levar à cegueira permanente e até a óbito. O metanol pode estar presente em bebidas alcoólicas clandestinas e adulteradas, além de produtos como combustíveis, solventes e líquidos de limpeza.
As unidades de saúde do estado estão preparadas para lidar com a situação. A Secretaria de Saúde recomenda evitar o consumo de bebida destilada que não saiba a procedência, e que o paciente com quadro incomum após ingestão de bebida alcoólica deve procurar atendimento médico imediato, realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica. Os sintomas de alerta são dores abdominais intensas, tontura e confusão mental. O socorro em até 6h após o início dos sintomas é fundamental para evitar o agravamento.