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Homens atacam a tiros e matam duas pessoas em situação de rua no RJ

Um terceiro está internado em estado grave

Colaboração para o Jornal Online Alagoas
Por: Colaboração para o Jornal Online Alagoas Fonte: Agência Brasil
18/10/2025 às 00h20

A Delegacia de Homicídio da Capital (DHC) irá investigar o ataque a tiros contra três homens em situação de rua, na madrugada desta sexta-feira (17). Os atiradores desceram de um carro e fizeram disparos contra os homens que estavam embaixo do viaduto do Irajá, na zona norte do Rio, onde moravam com outras pessoas na mesma condição de vulnerabilidade social.

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Dois deles morreram no local e o terceiro foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde está internado em estado grave. Ele foi identificado como Jaílton Matias Anselmo, de 37 anos.

Policiais militares do Batalhão de Irajá atenderam a ocorrência e isolaram o local para o trabalho da perícia.

Um dos mortos é Ethervaldo Bispo dos Santos, de 52 anos, natural de Salvador e que sofria de sequelas de um acidente vascular cerebral isquêmico. Ele morava embaixo do viaduto há mais de 10 anos e era conhecido no bairro de Irajá. Ele era percussionista e, devido a sequela da doença, participava dos ensaios do Movimento Afro Cultural Ilu Odara, um bloco afro inspirado nos ritmos de samba afro e reggae.

O outro morto ainda não foi identificado.

Movimento Afro Cultural Ilu Odara

O idealizador do movimento, Lucas Xarará, disse, pela rede social do bloco, ter sido surpreendido com o ataque.

“Hoje, nós do Movimento Afro Batikum, fomos surpreendidos pela notícia de mais um atentado à população em situação de rua, desta vez, aos moradores que sempre nos acolheram sob o metrô de Irajá”.

De acordo com Xarará, foi a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro que o informou sobre a morte de Ethervaldo, que era conhecido como Bahia. “Ele não possuía documentação e familiares no Rio. Em momentos de troca conosco, dizia que era natural de Salvador”.

“Fazemos aqui um apelo a todos amigos, apoiadores e autoridades, que nos ajudem a encontrar familiares ou pessoas que possam reconhecê-lo. Queremos garantir um sepultamento digno, preservar sua memória e prestar a ele o respeito que merece”, destacou.

“Que este gesto de acolhida e luta seja também uma forma de denunciar a violência e o abandono que recai sobre quem menos pode se defender. Se você tiver qualquer informação, por favor entre em contato com o Movimento Afro Batikum ou com os órgãos competentes”, concluiu o líder do bloco afro.

Defensoria Pública

A subcoordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Rio, Cristiane Xavier, esteve na Delegacia de Homicídios, no Hospital Getúlio Vargas e no Instituto Médico Legal para acompanhar o caso.

A defensoria vai enviar ofício às autoridades para garantir a preservação de imagens eventualmente captadas por câmeras próximas ao local do crime.

Já a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) repudiou o ataque a tiros.

“Temos acompanhado um avanço perigoso de práticas justiceiras e higienistas no Rio. A ausência de políticas públicas sérias, o aumento no número de pessoas em situação de rua e de abrigos insuficientes jamais pode justificar que alguém saia atirando contra essas pessoas”, disse a deputada Dani Monteiro, presidente da comissão.

*Colaborou Vladimir Platonow, da TV Brasil

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