Projetos de inovação marcam a trajetória atual em tecnologia e pesquisa no Estado da Paraíba. Desta vez, o Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), em colaboração com o Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), desenvolveu um sistema de monitoramento que mapeia documentos relacionados à cooperação internacional na Paraíba. É a plataforma digital Projeto de Inovação para o desenvolvimento de Sistema de Monitoramento de Cooperação Internacional do Programa Paraíba sem Fronteiras (Siscopi PBsF).
O projeto é financiado pelo Governo do Estado e desenvolvido no âmbito da Secties e da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), em parceria ao Laboratório de Diplomacia Digital no Departamento de Relações Internacionais da UFPB.
A necessidade se originou no andamento do programa estadual Paraíba sem Fronteiras (Siscopi PBsF), realizado pela Secties, como informou o secretário Claudio Furtado.
“O Paraíba sem Fronteiras é um programa de internacionalização que envolve várias ações, tanto acadêmicas como comerciais, e de capacitação de servidores públicos. Portanto, com o sistema haverá maior eficiência ao termos a facilidade de fazer um levantamento de tudo que é feito em termos de cooperação internacional, dos acordos feito pelo governo do estado da Paraíba e todos os entes com diversas nações, olhando pelo viés da diplomacia”, explicou.
O sistema usa uma tecnologia de inteligência artificial, olhando para os dados abertos do Diário Oficial do Estado, onde são publicados os atos de governo, além de informações publicadas em sites e redes sociais oficiais.
A Paraíba possui uma tradição de internacionalização acadêmica que remonta às décadas de 1970 e 1980, com destaque à atuação do professor Lynaldo Cavalcanti em diversas instâncias de instituições de ensino e pesquisa e agências de fomento, como presidente do CNPq em 1980. O estado foi sede para o intercâmbio de pesquisadores na área de tecnologia, dentre os quais, canadenses e chineses.
Considerando esse histórico da trajetória científica paraibana, Claudio Furtado esclareceu que o Siscopi PBsF faz um levantamento sistematizado em uma série histórica das cooperações entre o Governo do Estado da Paraíba e instituições em outros países. “Com isso, temos um sistema de banco de dados que é estratificado para que a gente possa exercer política pública. Ou seja, muitas vezes o gestor deve entrar em contato com uma determinada instituição de um determinado país e poderá saber se no passado já houve um acordo com essa instituição e suas características”, pontuou.
O PBsF está entre as políticas públicas que se beneficiam do Siscopi. O Programa amplia o intercâmbio científico e tecnológico, conectando estudantes, pesquisadores e empreendedores paraibanos a oportunidades internacionais. Mais que uma plataforma estática, o Siscopi PBsF atua de maneira proativa e ainda, pode detectar articulações em nível federal que possam beneficiar a Paraíba.
A plataforma está em desenvolvimento e terá como público-alvo os órgãos administrativos do Estado e universidades, abrindo caminho para decisões mais rápidas e estratégicas. “O Siscopi acessa e disponibiliza informações de todos os acordos internacionais em todas as áreas, que o Governo do Estado da Paraíba firmou com qualquer ente internacional. Documentos nas áreas de educação, comércio exterior, turismo, ciência e tecnologia, entre outras. Tudo isso ficará disponível tanto para uso interno do Governo do Estado quanto para as instituições parceiras”, explicou Claudio Furtado.
Esforço visa cidadania global e digital
De acordo com Claudio Furtado, o Siscopi PBsF foi uma encomenda da Secties ao Departamento de Relações Internacionais da UFPB. A demanda está integrada ao Laboratório de Diplomacia Digital, coordenado pelo professor Dr. Henry Iure de Paiva Silva.
A operação do Siscopi PBsF no laboratório formata um ambiente de pesquisa, desenvolvimento e inovação interdisciplinar. Une demandas da gestão pública à pesquisa em Relações Internacionais e Ciência da Computação. Essa combinação permite um avanço do alcance geopolítico com o conhecimento técnico, transformando dados em inteligência aplicada.
Os impactos da atuação do Siscopi PBsF são reconhecidos em níveis da cidadania global e cidadania digital. “A cidadania global prepara a população para compreender o papel da Paraíba no mundo, enfrentando desafios e aproveitando oportunidades internacionais. Já a cidadania digital garante que essa inserção se dê com o apoio de tecnologias de ponta, capazes de dar mais eficiência e agilidade às políticas públicas”, explica Iure Paiva.
Na prática, o sistema servirá uma base de dados de cooperação internacional que poderá abrir novas oportunidades para que estudantes, pesquisadores, servidores públicos e empresários da Paraíba para informações sobre ações e parcerias internacionais que já aconteceram.
Ao reunir governo, universidade e sociedade em torno de um objetivo comum, o Siscopi PBsF reforça o posicionamento da Paraíba no cenário global. Se antes o estado era lembrado apenas por iniciativas pontuais de internacionalização, hoje passa a ser referência mundial em diplomacia digital.
Reconhecimento internacional e escalabilidade
O pioneirismo paraibano já desperta interesse fora do Brasil. Durante o Fórum de Internacionalização Paraíba sem Fronteiras de 2025, realizado em João Pessoa, um professor britânico manifestou desejo de aplicar o sistema em sua universidade.
A expansão do projeto é prevista e está baseada no conceito de escalabilidade - a ideia de que o sistema pode ser replicado e adaptado a diferentes contextos. O Siscopi PBsF se projeta como uma plataforma global de diplomacia digital pioneira, criada na Paraíba, mas útil em qualquer parte do mundo. A escalabilidade também abre espaço para modelos de sustentabilidade econômica, como a prestação de serviços a outros estados e instituições.