
Nesta segunda-feira, 10, teve início mais uma importante ação de educação no sistema prisional: o I Jogos Internos do Presídio Feminino (Prefem). A iniciativa integra o projeto anual voltado à Consciência Negra, que neste ano traz como novidade a realização dos jogos com a participação de 160 internas, distribuídas em três modalidades esportivas: dama, dominó e queimado. As atividades seguem até o dia 27 de novembro, quando acontecem as finais e a cerimônia de premiação.
De acordo com a professora Jocilene Lima, integrante da equipe pedagógica do Prefem, a criação dos jogos surgiu como uma forma de fortalecer a autoestima, o espírito de equipe e o senso de pertencimento entre as internas, utilizando o esporte como instrumento de transformação. “Queríamos proporcionar momentos de convivência saudável e de superação pessoal. O esporte tem essa força de unir, motivar e resgatar a confiança. Cada partida é também uma oportunidade de aprendizado e reconstrução de histórias”, destacou.
As atividades alusivas ao Mês da Consciência Negra começaram ainda na semana passada, com a exibição do documentário Histórias Cruzadas e uma roda de conversa sobre o tema. Ao longo de novembro, a programação segue com a exibição de filmes, novas rodas de conversa, oficinas de tranças afro, o tradicional Desfile da Beleza Negra, além da confecção de cartazes temáticos e outras ações culturais e educativas. Todas as atividades são organizadas pela equipe pedagógica da unidade, formada por professores da Secretaria de Estado da Educação (Seed), em parceria com a Secretaria de Justiça (Sejuc).
Para a diretora do Prefem, Mônica Barreto, o projeto representa um passo importante na construção de um ambiente mais inclusivo e educativo dentro do sistema prisional. “Os Jogos Internos chegam como uma forma de integrar, fortalecer vínculos e promover valores como respeito, solidariedade e superação. Mais do que uma competição, é um momento de reflexão sobre a identidade, a trajetória e o protagonismo de cada uma dessas mulheres, reconhecendo nelas a capacidade de transformação e de recomeço”, afirmou.
Uma das internas participantes, que preferiu não ser identificada, também compartilhou a emoção de participar das atividades. “Durante os jogos, a gente esquece um pouco que está aqui dentro. É um momento em que nos sentimos vivas, valorizadas e capazes. Isso nos dá esperança e força para recomeçar”, finalizou.
Projeto Consciência Negra
Elaborado pelos professores da Escola Estadual Professora Agda Fontes Ferreira, o Projeto Consciência Negra tem como objetivo promover a reflexão sobre a história e a cultura afro-brasileira, estabelecendo conexões com a trajetória de vida das mulheres privadas de liberdade. A proposta busca contribuir para o processo de reconstrução identitária e elevação da autoestima das alunas, especialmente das mulheres negras, discutir o racismo estrutural e a seletividade penal, além de estimular a leitura e a escrita como ferramentas de expressão e ressignificação.
As ações continuam ao longo da semana, com destaque para a palestra desta quarta-feira, 12, que trará o tema ‘Consciência Negra: resgatando identidades, reconstruindo histórias’, ministrada pela artista, poeta e ativista sergipana Iza Negratha e pelo cantor Júnior Reação, um dos vocalistas da banda Reação, referência no cenário musical sergipano por sua atuação em defesa da cultura e da identidade negra.



