
Com o fim da quadra chuvosa começa a se aproximar o período de estiagem em Sergipe. Com tempos mais firmes e pouca incidência de chuvas, diversos municípios do estado sofrem historicamente com esta problemática. Neste sentido, o trabalho do Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac) e da Subsecretaria Estadual de Proteção e Defesa Civil (SPDEC), faz um monitoramento direto para desenvolver trabalhos de prevenção e combate aos efeitos da seca.
Todo este trabalho se dá com base no Monitor de Secas, um processo de acompanhamento regular e periódico das condições climáticas em todo o território brasileiro. Os resultados desse monitoramento são consolidados e divulgados mensalmente por meio do Mapa do Monitor de Secas, que apresenta o diagnóstico em cada unidade federativa, com dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). A partir dele, cada estado complementa as informações com dados regionais, considerando suas especificidades climáticas e territoriais, com análises locais, como ocorre em Sergipe.
A meteorologista da Semac, Wanda Tathyana de Castro, explica como se dá este trabalho. “A validação, inicialmente, começa quando a ANA envia os dados, que mostram a situação da seca. Cada estado verifica através de mapas gerados nas instituições, pois como é algo de abrangência maior, às vezes, há erros, e os estados têm os dados mais assertivos coletados em cada localidade. A partir daí, enviamos um email informando se concordamos ou não com o traçado enviado. Fazemos um novo traçado, com uma justificativa, e enviamos para a ANA. É como se eles mandassem uma base, e a gente aperfeiçoasse”, afirma.
Em Sergipe, a validação do mapa é feita por um processo de acompanhamento contínuo da situação da intensidade de seca, que inclui análise de indicadores climatológicos e meteorológicos, hidrológicos e agrícolas, bem como a validação dos impactos da seca em diferentes setores da economia. A validação da intensidade de seca é feita pela Semac, através da Gerência de Meteorologia e Mudanças Climáticas, com contribuição da Rede de Observadores do Monitor de Secas de Sergipe, que registra a severidade da seca em vários municípios sergipanos. A rede voluntária garante que a perspectiva de quem vivencia a seca no dia a dia seja incorporada como complemento aos dados de monitoramento.
O monitor também tem uma função importante de tradução de dados. Muitos dos números recebidos se dão em uma linguagem mais técnica, de difícil acesso para a população em geral. A partir do trabalho da Semac, o monitoramento é disponibilizado em uma linguagem acessível, utilizando-se de cores e demais recursos, facilitando o entendimento público. “O objetivo é integrar o conhecimento técnico e científico existente em diferentes instituições estaduais, além disso, traduzir dados, informações que estão dispersos nas instituições parceiras, de modo a fortalecer os mecanismos de monitoramento. Os mapas que a gente elabora na secretaria são simples, o que, além de ter um cunho didático, já nos dá condição de avaliar a severidade da seca no estado, juntamente com os relatos advindos dos observadores distribuídos por Sergipe”, destaca o geógrafo agrometeorologista e climatologista da Semac, Elder dos Santos Lima.
Auxílio a ações
A partir deste monitoramento constante, os órgãos competentes têm acesso a números da seca em Sergipe, e conseguem tomar as devidas providências visando regiões mais afetadas. A Defesa Civil é um destes órgãos. Com base nos dados, os municípios podem, por exemplo, pedir a declaração de situação de emergência, resultando em ações específicas de suporte do próprio município, dos governos do Estado e Federal.
O coordenador de Integração e Gestão de Recursos da Defesa Civil, Edivaldo Celestino, ressalta que a situação de emergência precisa seguir critérios. “Temos, hoje, a portaria 260/2022, que traz todos os procedimentos para que os municípios decretem situação de emergência, temos, ainda, um sistema integrado de informação sobre desastres e, dentro dele, há uma comunicação e uma articulação entre os três entes da federação. Assim, para que a situação de emergência seja decretada, é necessária a homologação pelo Estado, reconhecida pelo Governo Federal”, pontua.
A Defesa Civil Estadual, no entanto, não atua sozinha. A partir do apoio dos seus braços municipais, todo o território sergipano consegue ser monitorado. Por isso, os coordenadores das Defesas Civis municipais são constantemente contactados, especialmente se tratando de regiões como semiárido, historicamente mais afetadas pela seca. A partir disso, diversas ações são planejadas.
A meteorologista Wanda Nara reforça que este trabalho se dá de maneira conjunta, em prol do combate à seca nos municípios. “A partir dos dados, são definidas as ações, como o abastecimento por meio de carro-pipa, o que fazer para aquelas populações não passarem por tanta dificuldade na falta de chuva. É algo fundamental e estratégico para essas ações dos órgãos competentes do Estado, pelo bem-estar da população”, frisa.
Planejamento prévio
O Monitor de Secas tem previsões completas e que diferenciam os fenômenos em diversos tipos. Ele não apenas monitora os fenômenos climáticos, também os separa por tipos, gravidade e incidência. No caso da seca, por exemplo, é dividida em fraca, moderada, grave, extrema e excepcional. Assim, todos os meses, são divulgados, na íntegra, os dados do mês anterior. Com isso, os órgãos conseguem fazer um planejamento prévio, tendo a capacidade de monitorar de forma ampla o cenário em cada região e já definir ações que venham a ser tomadas de acordo com o cenário previsto.
Esforço contínuo
Desde 2020, a partir de uma orientação operacional da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, foi dado um embasamento nos processos de reconhecimento federal por seca, trazendo como critério de avaliação o mapa do monitor de secas. Tal parâmetro informa se o município está apto a ter o reconhecimento federal aprovado pela Secretaria Nacional. Isso tornou o processo de monitoramento constante ainda maior. “A partir desta orientação operacional, passamos, agora, a analisar todos os processos de situação de emergência com base nesse mapa disponibilizado mensalmente. Tornou-se mais um dos critérios de análise para a Defesa Civil e, por isso, é necessário que haja a avaliação definitiva e contínua”, conclui o coordenador de Integração e Gestão de Recursos da Defesa Civil.



