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Programa Acolher transforma acolhimento psicossocial nas escolas da rede pública estadual

Em dois anos de programa, já foram realizados cerca de seis mil atendimentos, promovendo a cultura de paz e ampliando o cuidado com toda a comunida...

Colaboração para o Jornal Online Alagoas
Por: Colaboração para o Jornal Online Alagoas Fonte: Secom Sergipe
17/11/2025 às 10h26
Programa Acolher transforma acolhimento psicossocial nas escolas da rede pública estadual
Programa Acolher transforma acolhimento psicossocial nas escolas da Rede Estadual de Ensino // Foto : Igor Matias

O Programa de Atenção Psicossocial nas Escolas da Rede Estadual de Sergipe (Acolher), iniciativa do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seed), completou dois anos oferecendo acolhimento psicossocial a estudantes, professores e servidores da rede pública estadual de ensino. Desde seu lançamento, em agosto de 2023, o programa tem fortalecido a atenção às questões emocionais e sociais nas escolas, promovendo a cultura de paz e ampliando o cuidado com toda a comunidade educativa. Em dois anos de implantação, cerca de seis mil atendimentos já foram realizados, com destaque para estudantes do ensino fundamental e médio.  

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O Acolher se tornou um marco na política de atenção integral às demandas socioemocionais, oferecendo apoio contínuo a quem mais precisa. Com ações estruturadas, formação continuada de profissionais e articulação com a rede de proteção social, o programa tem mostrado que educar é, também, cuidar da emoção, da convivência, da escuta e da dignidade.

Segundo o coordenador do programa, Pedro Santana, o programa Acolher nasceu em resposta ao aumento de casos de ansiedade, depressão, luto e conflitos interpessoais no período pós-pandemia. “Sergipe se destaca na região Nordeste como um dos poucos estados a possuir um programa estruturado de acolhimento psicossocial. Atualmente, 95 profissionais atuam em todas as Diretorias Regionais de Educação (DREs), sendo 60 psicólogos e 35 assistentes sociais, garantindo alcance amplo em todo o território estadual”, destacou.

O atendimento é realizado a partir de demandas registradas no Sistema de Registro de Ocorrência Escolar (ROE), que monitora conflitos, questões emocionais, violência, depressão, automutilação e outras vulnerabilidades. Quando necessário, estudantes e famílias são encaminhados às unidades de saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo cuidado integral. 

O programa atua em quatro eixos principais: acolhimento e escuta qualificada; práticas restaurativas e mediação de conflitos; prevenção e promoção de saúde emocional; e articulação com a rede de proteção social e de saúde. “Nosso trabalho é baseado na cultura de paz e nas práticas restaurativas, promovemos mediação de conflitos, círculos de diálogo e ações de escuta ativa. Quando identificamos casos que necessitam de acompanhamento clínico, orientamos a escola e as famílias a procurarem a rede de saúde, já que a psicologia escolar não pode realizar atendimento clínico dentro da escola”, pontuou o coordenador. 

Desta maneira, há a articulação constante com a rede de proteção social, conselhos tutelares, Ministério Público, delegacias, unidades de saúde e Centro de Atenção Psicossocial (Caps), pois a maioria dos estudantes, cerca de 80%, é formada por crianças e adolescentes, grupo protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O coordenador reforçou que o Acolher tem transformado o ambiente escolar. “Quando a escola entende o valor do acolhimento, do diálogo e da escuta, o ambiente melhora, as relações se tornam mais saudáveis e até o desempenho dos alunos se eleva. Nosso objetivo é educar para a convivência, promover a cultura de paz e formar cidadãos mais conscientes e empáticos. Trabalhamos diversos temas, a exemplo da dignidade menstrual, a saúde reprodutiva, o empoderamento feminino e o enfrentamento ao machismo, racismo, homofobia e intolerância religiosa”, afirmou.

Formação contínua

Um dos pilares do Acolher é a qualificação da equipe. Para fortalecer a atuação, todos os profissionais passaram por formação inicial de 80 horas, disponibilizada no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Secretaria de Estado da Educação, por meio do Centro de Formação (Cefor), responsável por todo o processo formativo dos servidores da rede estadual. Além disso, os profissionais passam constantemente por formações continuadas para aperfeiçoamento.

A diretora de Ensino da Escola de Governo, Vanessa Horácio, detalhou a importância do curso de formação oferecido aos servidores que atuam no programa Acolher. “Os servidores lidam diariamente com situações de conflito e demandas emocionais dos alunos. Os cursos oferecem, entre outros pontos, ferramentas práticas para mediar conflitos entre jovens, crianças e adolescentes, bem como na interação com a equipe escolar. É algo inovador”, explicou.  

A psicóloga Valeska Bastos, da DR8, destaca a importância da formação para lidar com os desafios do cotidiano escolar. “Ela nos dá uma visão maior para lidar com os conflitos e traz mais segurança para nosso trabalho, permitindo resolver as problemáticas da comunidade escolar de forma mais efetiva”, considerou.

Assistente social recém-chegada ao programa, Rosimeire Santos Bruno reforça a relevância da formação para a atuação no dia a dia escolar. “A escola precisa desse suporte. Desta maneira, estamos ali para ajudar e dar esse auxílio. Cada aluno traz uma história, uma dor, um contexto. O Acolher nos permite enxergar para além da sala de aula”, destacou.

Transformando ambiente escolar

Além do atendimento à comunidade escolar, o programa promove palestras, oficinas, rodas de conversa e grupos focais, tratando de temas como abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, racismo, bullying, cyberbullying, ansiedade nas provas externas - como Sistema de Avaliação da Educação Básica de Sergipe (Saese), Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - e uso excessivo de telas.

No Centro de Excelência Professora Maria da Glória Costa, no município de Moita Bonita, o impacto do programa vai além do apoio individual, com a transformação do clima da escola como um todo. Uma das ações mais recentes realizadas na unidade escolar abordou o uso consciente do celular e prevenção de violências, em parceria com o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) do município.

Segundo a assistente social Carolina da Cunha, lotada na Diretoria Regional 8, que compreende a região de Moita Bonita, a ação visou proteger, orientar e fortalecer vínculos na comunidade escolar. “Conseguimos articular essa atividade com o equipamento socioassistencial do município, Centro de Referência de Assistência Social, que enviou uma advogada para nos apoiar nesta iniciativa. Essa foi uma continuidade de ações que iniciamos no ano letivo de 2025, e nosso objetivo foi orientar os estudantes e a comunidade escolar, promovendo prevenção e cuidado em parceria com órgãos de assistência social e profissionais do município”, afirmou.

O professor Genilson do Espírito Santo, que leciona Geografia e Projeto de Vida no Centro de Excelência Professora Maria da Glória Costa, enfatizou a diferença que o acolhimento promovido pelo programa trouxe para a escola. “As ações do Acolher conversam com o coração antes de ensinar a lição. Temos alunos com problemas familiares, falta de motivação e situações mais graves, e o programa chega para acolher, abraçar, conversar individualmente e em ações coletivas. Isso transforma o ambiente escolar e influencia diretamente no aprendizado. As profissionais estão sempre disponíveis, atenciosas e integradas à nossa equipe. É um suporte essencial para alunos, professores e a escola como um todo”, reforçou.

As histórias da comunidade escolar mostram que o Acolher não apenas oferece escuta, mas, também, ensina sobre empatia, cuidado com o próximo e valorização da própria saúde emocional. Para Gilvânia Andrade Oliveira, 14 anos, aluna do 7º ano do Centro de Excelência Professora Maria da Glória Costa, o programa Acolher foi um ponto de virada em sua relação com a escola. “Já participei de várias ações do Acolher. Tinha depressão e não queria ir para a escola, não interagia com colegas e não tinha gosto para estudar. Quando comecei a conversar com as profissionais, me senti acolhida e comecei a me motivar novamente. Hoje, minha relação com os colegas melhorou e sinto mais prazer em estudar. O Acolher me ajudou a enfrentar meus sentimentos e perceber que posso superar momentos difíceis com apoio e atenção”, relatou.

Já Roberta de Jesus Souza, 15 anos, também do Centro de Excelência Professora Maria da Glória Costa, aluna do 6º ano, compartilhou como o acolhimento do programa transformou sua forma de lidar com as próprias emoções e com os outros. “Minha primeira vez no Acolher foi muito boa. Antes, achava que psicólogo era só para pessoas ‘doidas’. Aqui, aprendi que falar sobre o que sentimos faz bem. Compartilhar meus sentimentos me fez bem e me ajudou a lidar com conflitos. Quero ser psicóloga, no futuro, porque gosto de escutar e ajudar as pessoas. Acolher alguém é bonito e faz a diferença”, declarou.
 

Segundo a assistente social Carolina da Cunha, lotada na Diretoria Regional 8, que compreende a região de Moita Bonita, a ação visou proteger, orientar e fortalecer vínculos na comunidade escolar Foto : Thiago Santos
Segundo a assistente social Carolina da Cunha, lotada na Diretoria Regional 8, que compreende a região de Moita Bonita, a ação visou proteger, orientar e fortalecer vínculos na comunidade escolar Foto : Thiago Santos
Em dois anos de programa, já foram realizados cerca de 6 mil atendimentos, promovendo a cultura de paz e ampliando o cuidado com toda a comunidade educativaFoto : Thiago Santos
Em dois anos de programa, já foram realizados cerca de 6 mil atendimentos, promovendo a cultura de paz e ampliando o cuidado com toda a comunidade educativaFoto : Thiago Santos
Foto : Thiago Santos
Foto : Thiago Santos
Foto : Thiago Santos
Foto : Thiago Santos
Roberta de Jesus Souza, 15 anos, também do Centro de Excelência Professora Maria da Glória Costa, 6º ano, compartilhou como o acolhimento do programa transformou sua forma de lidar com as próprias emoções e com os outros // Foto : Thiago Santos
Roberta de Jesus Souza, 15 anos, também do Centro de Excelência Professora Maria da Glória Costa, 6º ano, compartilhou como o acolhimento do programa transformou sua forma de lidar com as próprias emoções e com os outros // Foto : Thiago Santos
Para Gilvânia Andrade Oliveira, 14 anos, do 7º ano, do Centro de Excelência Professora Maria da Glória Costa, o Programa Acolher foi um ponto de virada em sua relação com a escola // Foto : Thiago Santos
Para Gilvânia Andrade Oliveira, 14 anos, do 7º ano, do Centro de Excelência Professora Maria da Glória Costa, o Programa Acolher foi um ponto de virada em sua relação com a escola // Foto : Thiago Santos
O professor Genilson do Espírito Santo, que leciona Geografia e Projeto de Vida no Centro de Excelência Professora Maria da Glória Costa, enfatizou a diferença que o acolhimento na escola // Foto : Thiago Santos
O professor Genilson do Espírito Santo, que leciona Geografia e Projeto de Vida no Centro de Excelência Professora Maria da Glória Costa, enfatizou a diferença que o acolhimento na escola // Foto : Thiago Santos
Foto : Thiago Santos
Foto : Thiago Santos
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Já a recém-chegada assistente social do programa, Rosimeire Santos Bruno reforça a relevância da formação para a atuação no dia-dia escolarFoto : Thiago Santos
Já a recém-chegada assistente social do programa, Rosimeire Santos Bruno reforça a relevância da formação para a atuação no dia-dia escolarFoto : Thiago Santos
A psicóloga Valeska Bastos, da DR8, é umas das participantes e destaca a importância da formação para lidar com os desafios do cotidiano escolarFoto : Thiago Santos
A psicóloga Valeska Bastos, da DR8, é umas das participantes e destaca a importância da formação para lidar com os desafios do cotidiano escolarFoto : Thiago Santos
A diretora de Ensino da Escola de Governo, Vanessa Horácio, detalhou a importância do curso de formação oferecido aos servidores que atuam no Programa Acolher//Foto : Thiago Santos
A diretora de Ensino da Escola de Governo, Vanessa Horácio, detalhou a importância do curso de formação oferecido aos servidores que atuam no Programa Acolher//Foto : Thiago Santos
Foto : Thiago Santos
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Segundo o coordenador do programa, Pedro Santana, o Acolher nasceu em resposta ao aumento de casos de ansiedade, depressão, luto e conflitos interpessoais no período pós-pandemia // Foto : Thiago Santos
Segundo o coordenador do programa, Pedro Santana, o Acolher nasceu em resposta ao aumento de casos de ansiedade, depressão, luto e conflitos interpessoais no período pós-pandemia // Foto : Thiago Santos
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