
O Sistema Integrado Metropolitano (SIM), que abrange sete mananciais e é responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, opera atualmente com 26,42% de sua capacidade de armazenamento. O cenário é resultado da combinação entre a maior seca dos últimos anos, a ocorrência de uma onda de calor recorde e a elevação acentuada do consumo de água, que, nos últimos dias, chegou a registrar aumentos de até 60% em alguns pontos da região.
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Diante desse contexto, o Governo de São Paulo mantém e amplia o trabalho integrado de monitoramento e prevenção à escassez hídrica. Com base em diagnósticos de curto, médio e longo prazo elaborados pela SP Águas, a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) mantém o regime de prevenção e contingência, autorizando a Sabesp a realizar a gestão da demanda no período noturno de 10h de duração, das 19h às 5h. As medidas de gestão hídrica adotadas garantem uma economia diária equivalente a mais de 1,2 milhão de caixas d’água de 500 litros, ou 50,4 mil caixas por hora.
Dois dos principais reservatórios do estado, Alto Tietê e Cantareira, operam com volumes próximos de 20% da capacidade. A situação exige atenção permanente, uma vez que o SIM funciona de forma integrada, conectando grandes e pequenos mananciais, adutoras e estações de tratamento. Esse modelo permite a transferência de água entre sistemas, reduzindo riscos de desabastecimento, mas também faz com que a pressão sobre um sistema impacte todo o conjunto.
As ações são acompanhadas no âmbito do Comitê Gestor da Política Estadual de Mudanças Climáticas, coordenado pelas secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística ( Semil ) e de Defesa Civil, com participação da Arsesp, SP Águas, da Unidade Regional de Abastecimento de Água 1 (URAE-1) e da Sabesp. O comitê é responsável pelo acompanhamento do Programa São Paulo Sempre Alerta, e as medidas estão alinhadas ao Plano de Adaptação e Resiliência Climática do Estado.
A onda de calor intensificou a pressão operacional sobre o sistema de abastecimento. Para atender à demanda considerada anormal, a produção de água foi ampliada em 9%, passando de 66 m³/s para 72 m³/s, mesmo com a estimativa de que haja cerca de 30% menos consumidores na região neste período, em razão das festividades de fim de ano.
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Os modelos meteorológicos oficiais indicam baixa previsão de chuvas, que devem ficar abaixo da média em janeiro. Mesmo quando ocorrerem, as precipitações podem não ser suficientes para reverter rapidamente o quadro, o que reforça a importância da atuação planejada que vem sendo desenvolvida pelo Governo de SP.
Como parte das ações de mitigação, o Governo do Estado reforça a importância do uso consciente da água. Medidas simples no dia a dia contribuem para a preservação dos mananciais: reduzir o tempo do banho de 15 para 5 minutos pode economizar até 162 litros de água em um apartamento; lavar o carro com balde, em vez de mangueira, evita o desperdício de 176 litros; e varrer a calçada, em vez de lavá-la, pode poupar até 279 litros a cada 15 minutos.
“O uso consciente de água deve fazer parte da rotina das famílias, principalmente neste período de escassez severa. A ação de cada um tem impacto direto na preservação do nível dos mananciais”, disse a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende.
Os investimentos realizados ao longo dos últimos anos têm ampliado a resiliência do sistema de abastecimento paulista. A transposição Jaguari-Atibainha, que permite a transferência de água da bacia do Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira, e a conclusão do Sistema São Lourenço são exemplos de obras que contribuíram para aumentar a segurança hídrica da Região Metropolitana.
Após a crise hídrica de 2014/2015, foram executadas obras estruturantes, como o Sistema São Lourenço, que capta água da represa Cachoeira do França, a 70 quilômetros da capital, e abastece cerca de 2 milhões de usuários em oito municípios.
Houve também reforço no abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo, com a entrega no início deste mês, pela Sabesp, seis meses antes do previsto, do bombeamento de até 2.500 litros por segundo da bacia do rio Itapanhaú, na Serra do Mar, para o Sistema Alto Tietê. A integração permite mais segurança na gestão hídrica estadual, com aumento de 17% de água no reservatório. São 22 milhões de pessoas beneficiadas por uma ação de resultado imediato diante do atual cenário de escassez hídrica, em um ano que teve as piores médias de chuvas dos últimos dez anos.
Na atual gestão, em junho de 2025, foi concluída ainda a ampliação da Estação de Tratamento de Água do Rio Grande, com aumento de capacidade de 500 litros por segundo e investimento de R$ 120 milhões, beneficiando mais de 120 mil pessoas em São Bernardo do Campo, Diadema e Santo André. No mesmo ano, foi realizada a modernização da Estação de Tratamento de Água do Alto da Boa Vista, com investimento de R$ 25 milhões.
Segundo a Sabesp, há ainda mais de R$ 1,2 bilhão previstos para novas obras de resiliência hídrica até 2027, reforçando a capacidade de resposta do sistema frente a cenários de seca prolongada e demanda elevada.
A Grande São Paulo passou a contar em 2025 com um modelo inédito e mais moderno de acompanhamento e gestão integrada dos recursos hídricos, com o objetivo de proteger reservatórios e mananciais do SIM e garantir o abastecimento da população. A metodologia do Governo do Estado estabelece 7 faixas de atuação de acordo com os níveis de reservação nos períodos de chuva e de estiagem.
A metodologia permite o planejamento de ações a partir de projeções que consideram patamares de segurança para reservação no SIM, afluências, consumo e volume de chuvas, monitorados permanentemente pela SP Águas de modo a garantir a atualidade das projeções caso as variáveis se alterem.
São definidas faixas de atuação sobre uma curva de projeção de 12 meses e o objetivo é que as medidas previstas em cada faixa sejam aplicadas sempre que necessário durante todo o ano, visando a estabilidade dos reservatórios.
As 7 faixas de atuação representam etapas graduais de criticidade e orientam quais medidas de contingências serão adotadas em cada cenário. Para assegurar previsibilidade, as restrições só acontecem após sete dias consecutivos dos índices em uma mesma faixa, com relaxamento após 14 dias consecutivos de retorno ao cenário imediatamente mais brando.
Nas faixas de 1 a 3, o foco é em prevenção, consumo racional de água e combate a perdas na distribuição. As faixas 1 e 2 estabelecem o Regime Diferenciado de Abastecimento (RDA) e a gestão de demanda noturna de 8 horas, respectivamente. A faixa 3, onde São Paulo se encontra atualmente, prevê gestão de demanda noturna de 10 horas por dia e intensificação de campanhas de conscientização.
Já nas faixas 4, 5 e 6, os cenários são de contingência controlada, com períodos ampliados de redução da pressão na rede, por 12, 14 e 16 horas. Por fim, na faixa 7, o cenário mais grave inclui o rodízio de abastecimento entre regiões, com obrigação de fornecimento de caminhões-pipa para apoio a serviços essenciais.