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Estudante do Programa de extensão Cientista Aprendiz da Uemasul descobre nova bactéria

A bactéria não patogênica inoculada em biofertilizantes projeta impactos significativos na segurança alimentar.

Colaboração para o Jornal Online Alagoas
Por: Colaboração para o Jornal Online Alagoas Fonte: Secom Maranhão
01/10/2025 às 17h30
Estudante do Programa de extensão Cientista Aprendiz da Uemasul descobre nova bactéria
- A bactéria não patogênica inoculada em biofertilizantes projeta impactos significativos na segurança alimentar (Foto: Divulgação)

Da bancada do Laboratório Magno Urbano, na Uemasul, surgiu a Mycobacterium agroflorensis: uma nova cepa bacteriana que, incorporada a biofertilizantes, libera nutrientes essenciais às plantas e pode transformar práticas agrícolas — do pequeno produtor aos sistemas regenerativos em larga escala.

A bactéria Mycobacterium agroflorensis foi isolada a partir da interação simbiótica entre fungos e resíduos industriais. O processo de descoberta ocorreu de forma não planejada durante um ensaio de biofertilizante de base orgânica. A mistura dos materiais gerou um ambiente no qual microrganismos interagiram e, durante a análise, foi isolada uma cepa com características morfológicas e fisiológicas inéditas.

O projeto “Descoberta e aplicação da Mycobacterium agroflorensis na agricultura sustentável e em sistemas de cultivo controlados” tem a coordenação do professor Zilmar Timóteo Soares e a participação dos estudantes Luis Gustavo Neres, Carlos Fonseca Sampaio e Marinete Neres Ferreira, que integram o programa de extensão Cientista Aprendiz da Uemasul.

A bactéria inoculada em biofertilizantes projeta impactos significativos na segurança alimentar, na agricultura sustentável e na biotecnologia aplicada às ciências planetárias. A cepa demonstrou características únicas, não patogênicas, com elevado poder de fixação biológica de nutrientes essenciais ao crescimento vegetal.

A descoberta de novos microrganismos simbióticos para a agricultura sustentável representa um marco na redução do uso de fertilizantes químicos e no fortalecimento da bioeconomia, possibilitando a produção de alimentos em maior escala, com menores custos e de forma sustentável, beneficiando principalmente a agricultura familiar. O agronegócio também se beneficia em sistemas regenerativos de grande escala, ampliando a produtividade e a qualidade nutricional dos alimentos.

A bactéria atua como biofertilizante natural, disponibilizando nutrientes necessários ao crescimento vegetal: nitrogênio, fósforo, potássio, ferro e vitaminas essenciais. A validação da cepa passou por várias etapas de caracterização microbiológica e agronômica: isolamento e cultivo; testes bioquímicos e fisiológicos; sequenciamento genético; ensaios em vasos e em estufa agrícola; testes em estufa controlada com IoT; e experimentos em simulação espacial.

“A pesquisa começou em 2023 e é contínua. No momento, a bactéria está em estágio experimental em estufas. A partir de agora, iremos aplicá-la no solo, acompanhando todo o desenvolvimento com os agricultores e, depois, patentear o projeto. São vários benefícios: o principal é para o meio ambiente, com a redução da fertilização química; outro é o crescimento radicular mais rápido, o que impacta em uma produção também mais rápida. Já fizemos experimentos com milho, feijão e mandioca. Nosso projeto tem três vertentes: a grande indústria, o pequeno agricultor e o trabalho em solos extremos, como cerrados e desertos. Nosso objetivo é doar para o pequeno produtor, com orientações de uso, depois que a bactéria for sintetizada em laboratório”, explicou o professor Zilmar.

O estudante do 3º ano do Ensino Médio da Escola Santa Teresinha, Luis Gustavo Neres, participa do programa Cientista Aprendiz e é um dos autores da descoberta. “A descoberta foi feita no Laboratório Magno Urbano da Uemasul. Os estudos estão sendo muito positivos, já que, durante as análises, as plantas tiveram um desenvolvimento maior do que o esperado. Essa experiência está sendo incrível, e todas as demais que já tive aqui são importantes para minha vida como estudante e, futuramente, para minha vida acadêmica e profissional, como um grande pesquisador, fazendo descobertas e contribuindo com a humanidade.”

Luis Gustavo Neres irá apresentar o projeto “Descoberta e aplicação da Mycobacterium agroflorensis na agricultura sustentável e em sistemas de cultivo controlados” no maior evento científico da América Latina, a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), que será realizada de 27 a 31 de outubro, em Novo Hamburgo (RS).

O programa de extensão Cientista Aprendiz, coordenado pelo professor Zilmar Timóteo, proporciona atividades de pré-iniciação científica para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. A iniciativa nasceu do interesse dos alunos pelas atividades de laboratório e pelas diferentes áreas da pesquisa científica.

Focado em aprimorar as habilidades científicas dos participantes e propiciar vivência real na área de pesquisa e desenvolvimento, o Cientista Aprendiz é uma oportunidade para o desenvolvimento de projetos de investigação com uso de metodologia científica. Desde 2017, cerca de 450 estudantes já participaram do programa nos laboratórios de ensino e de saúde do Centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnológicas (CCENT) da Uemasul.

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