
O futebol feminino sergipano vive um momento de afirmação e crescimento. A Copa Serigy de Futebol Amador, realizada pelo Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (SEEL), consolidou-se como um marco ao ampliar a visibilidade e fortalecer a participação das mulheres em todas as frentes do esporte.
A secretária de Estado do Esporte e Lazer, Mariana Dantas, destaca o papel estratégico da competição nesse processo. “Além de valorizar o futebol amador, a Copa Serigy é um espaço de visibilidade. Quando mostramos mulheres atuando em todos os setores, inspiramos novas gerações e quebramos de vez o mito de que futebol é apenas para homens”, afirma.
Mais do que uma competição, a Copa Serigy se tornou uma vitrine para revelar talentos, fortalecer trajetórias e impulsionar o protagonismo feminino, especialmente no interior do estado. Em municípios onde, durante anos, a presença da mulher se restringia às arquibancadas, hoje elas ocupam os campos como atletas, treinadoras, narradoras, árbitras e comentaristas. À medida que o torneio percorreu diferentes cidades, a presença feminina se expandiu, movimentando o esporte local e incentivando meninas a sonhar e se reconhecer nesse espaço.
Entre as grandes reveladas nesta 1ª edição está a da artilheira Keyla Santos de Jesus, de Gararu, que marcou impressionantes 25 gols. A história de Keyla com o futebol começou ainda na infância, quando jogava descalça nas ruas de sua cidade. Hoje, ela se tornou inspiração para jovens atletas de Gararu e de todo o estado. Determinada e veloz, a atacante demonstra que o talento feminino também encontra espaço em competições de destaque. “Essa Copa é uma oportunidade não só para mim, mas para todas as mulheres mostrarem sua força no futebol. Estou muito feliz em representar Gararu e ter levado nosso time até a final”, afirma Keyla.
Outro exemplo dessa nova geração é a jornalista Fernanda Spínola, criadora e apresentadora do programa Passe Delas. Sozinha, ela grava, edita e publica conteúdo quase diário sobre futebol, acompanhando partidas em estádios e campos de todo o estado para transmitir nas redes sociais. “Meu objetivo é mostrar que mulher entende de futebol e que nosso olhar agrega muito para quem acompanha o esporte”, diz Fernanda.
A repórter de campo, Manuella Miranda tem presença marcante. Comentarista assídua na Arena Batistão e em outros campos, ela se destaca pela linha afiada e pela coragem de dizer, ao vivo, quando o time não vai bem. “Não é sobre agradar, é sobre falar a verdade do jogo. Quem ama o futebol quer ver qualidade”, afirma.
Para o presidente da Associação de Cronistas Desportivos de Sergipe (ACDSE), Abel Ribeiro, o momento é histórico. “O crescimento da participação feminina no futebol é irreversível. Hoje, temos mulheres qualificadas em todas as frentes e isso só eleva o nível da cobertura e da gestão esportiva no estado”.
Na Federação Sergipana de Futebol, duas irmãs são peças-chave: Rayane e Rita Dantas. Com pulso firme, elas mostram que organização e autoridade também fazem parte do jogo. Para Ritinha, estar em posição de liderança significa abrir portas para outras mulheres. “Quando ocupamos esses espaços, mostramos para as meninas que elas também podem. Não há função no futebol que seja restrita a um gênero”.
A arbitragem é outro setor que sente essa mudança. O número de mulheres interessadas nos cursos para árbitras vem crescendo ano após ano. Paralelamente, escolinhas de futebol para meninas também estão em alta. "Vivemos um momento muito especial para as mulheres na arbitragem. O número de profissionais atuando e se qualificando tem crescido consideravelmente, e isso não acontece por acaso. É resultado direto de políticas públicas consistentes e do apoio que o Governo do Estado tem dado ao esporte, a exemplo da Copa Serigy, que abriu ainda mais portas para a atuação feminina. No campeonato Sergipano, no Sub-17 e em outras competições oficiais, temos visto mulheres assumindo protagonismo dentro de campo. A tendência é que esse cenário se iguale cada vez mais, fortalecendo a representatividade e elevando o nível da nossa arbitragem", destacou o presidente da Escola de Arbitragem, Ivaney Alves.





