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Pluralidade artística movimenta o Fasc e transforma São Cristóvão em um grande circuito cultural

Festival reúne literatura, artes visuais, cortejos, teatro, música e artesanato em múltiplos espaços da Cidade Mãe

Colaboração para o Jornal Online Alagoas
Por: Colaboração para o Jornal Online Alagoas Fonte: Secom Sergipe
21/11/2025 às 20h11
Pluralidade artística movimenta o Fasc e transforma São Cristóvão em um grande circuito cultural
Foto: Erick O'Hara

O segundo dia da 40ª edição do Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc) reforçou, nesta sexta-feira, 21, a diversidade cultural que marca o festival. Promovido pela Prefeitura de São Cristóvão, com co-realização do Governo de Sergipe, o evento apresentou uma programação intensa com o tema ‘Na cultura a gente se encontra’. A proposta se materializou nas ruas, nos palcos e nas interações entre o público e as diferentes linguagens artísticas.

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No início da programação do dia, a cidade registrou grande circulação de moradores, visitantes e turistas que caminhavam pelas ruas históricas em busca das atividades. As praças, vielas, casarões e igrejas receberam apresentações, exposições, oficinas e rodas de conversa que refletiram a pluralidade do Fasc. Em cada canto, novas expressões surgiam. Havia música ecoando das igrejas, artes visuais espalhadas pelas paredes e feiras que valorizavam a produção manual da região.

O Salão de Leitura Manoel Ferreira recebeu o escritor Raphael Montes, em encontro mediado pela professora doutora Pâmela Sampaio. Com plateia atenta, a atividade contou com interação com o público. Na Sala Mangue Jornalismo, outra roda de conversa ampliou reflexões sobre jornalismo, literatura e arte sergipana, reunindo um público diversificado.

Na área das artes cênicas, o Palco Mariano Antônio recebeu Mamulengo Baile Estrela, Grupo A Tua Lona e Santoli Danças, que apresentaram espetáculos variados ao longo da tarde. As performances destacaram o diálogo entre tradição e contemporaneidade e atraíram famílias inteiras que ocupavam o espaço desde cedo.

A artista Luana Campos, integrante da exposição Realocações Visuais, afirmou estar ‘muito feliz’ por participar do festival e expor em São Cristóvão pela primeira vez. Ela destacou que sua obra já havia sido apresentada em Aracaju, mas ainda não tinha tido a oportunidade de chegar à Cidade Mãe."O Fasc funciona como um verdadeiro portal de oportunidades para artistas iniciantes, especialmente para quem trabalha com técnicas menos difundidas, como a colagem. Ver cada pessoa valorizando esse tipo de produção, que reinventa imagens e cria novas narrativas visuais, reforça a importância do festival”, ressaltou.

Os cortejos levaram música e celebração às ruas com Necas no Frevo, Peneirou Xerém, Cacumbi e Mestre Deca. As apresentações transformaram o Centro Histórico em um espaço cultural, com grupos percorrendo becos e praças enquanto moradores acompanhavam das portas de suas casas.

O público também se animou com a passagem do bloco de frevo Zé Folia, que arrastou moradores e visitantes pelas ruas. As pessoas vibraram, pularam e acompanharam o grupo embaladas pelo frevo contagiante que ecoava pelos becos históricos e reforçava o clima festivo do Fasc.

A Igreja Nossa Senhora do Rosário foi um dos primeiros pontos de movimentação ao longo da tarde. O público se reuniu para acompanhar o show de Capitão D’Aurora, que apresentou um repertório variado com músicas que passavam por baião e outras sonoridades regionais. A acústica do templo e a presença do público criaram um ambiente de forte conexão entre música e espiritualidade.

Pelas ruas, o Fasc ganhou ainda mais cor com artes expostas em muros, fachadas e instalações montadas em diferentes pontos da cidade. Quem caminhava pelas ladeiras encontrava pinturas, fotografias e intervenções que despertavam curiosidade. Muitas pessoas paravam para analisar as obras, tirar fotos e interagir com artistas e mediadores.

A visitante Danúcia Rocha participou do Fasc pela primeira vez e destacou que chegou ao festival com grande expectativa por já admirar a riqueza cultural e histórica de São Cristóvão."Vivenciar o evento tornou a experiência ainda mais significativa, pela reunião de diferentes expressões culturais, religiosas e artísticas em um ambiente acolhedor”, comentou.

A coordenadora da Casa das Culturas Populares, Rebeca Leão, destacou o vínculo direto que possui com a exposição Afrotexturas e a importância do espaço cedido pelo Iphan. Segundo ela, a presença no local é resultado de um processo construído ao lado do artista contemplado. "É um trabalho que passou pelo edital da PNAB e, dentro desse processo, o artista precisa expor sua obra. Ele escolheu a Casa das Culturas Populares para receber a mostra, mas como o espaço precisou fechar para reforma, ficamos abrigados provisoriamente aqui no Iphan. Eles aceitaram acolher e sediar a exposição, o que foi muito importante para que o trabalho não perdesse visibilidade”, afirmou.

O artesanato também teve papel central no dia. Na Casa do Artesanato, cerca de 20 artesãs expuseram peças variadas, como ecobags, crochês, bordados com imagens de igrejas, pedrarias, bonecas, peças feitas com sementes e itens inspirados na Taieira. A diversidade do trabalho manual chamou atenção de visitantes que circulavam pelo local em busca de lembranças e produtos feitos à mão.

A artesã Carmen Verônica, moradora de São Cristóvão e nascida no povoado Caípe Velho, explicou que trabalha desde 2011 com peças inspiradas nas manifestações populares do município. Seu foco principal é o reisado, especialmente o personagem do boi, que ela modela manualmente em cerâmica. “Cada peça guarda elementos de sua própria história e da tradição local, tornando o processo de criação um ato de preservação cultural. Turistas e visitantes levam o boizinho do reisado como lembrança, fortalecendo a circulação da cultura sergipana. Participar do Fasc é motivo de orgulho. Produzir artesanato que representa sua cidade e vê-lo ganhar novos destinos é uma experiência de gratidão e reafirmação da identidade cultural”, contou.

Ao final da tarde, o movimento seguiu intenso pelas ruas de São Cristóvão. Cada espaço do Fasc revelava uma camada diferente da pluralidade artística proposta pela edição. Nos corredores das feiras, nos palcos, nas salas de leitura e até nas conversas informais, era possível perceber o envolvimento do público com a produção cultural.

O veterinário Pedro Estevão, visitante do Fasc, acompanhou a palestra no Salão Manoel Ferreira motivado pela presença do escritor Raphael Montes. “Acompanho a obra do autor há bastante tempo, especialmente por sua afinidade com a literatura de suspense. O Fasc é uma oportunidade de entender mais sobre escrita criativa e conhecer de perto o processo de construção narrativa de um dos nomes que mais despontam no gênero”, pontuou.

Com uma programação variada e distribuída por toda a cidade, o segundo dia do Fasc reafirmou o compromisso do festival com a democratização do acesso à cultura, a valorização das artes e a integração entre diferentes linguagens. São Cristóvão segue respirando arte, encontro e identidade.

Sobre o Fasc

O Festival de Artes de São Cristóvão consolidou-se desde a década de 1970 como um dos maiores encontros culturais do Nordeste, reunindo artistas locais e de diversas partes do país em múltiplas linguagens artísticas. Após um intervalo em 2005, o evento retornou em 2017, reafirmando o papel de São Cristóvão como um importante polo de produção e difusão cultural no Brasil.

Com palcos espalhados pelo Centro Histórico e também em diferentes bairros, o Fasc oferece uma vivência completa, que integra música, teatro, dança, literatura, artes visuais, cinema e outras expressões, celebrando a riqueza cultural da quarta cidade mais antiga do país.

O Fasc é apresentado pelo Ministério da Cultura, com realização da Prefeitura de São Cristóvão, por intermédio da Fundação Municipal do Patrimônio e da Cultura João Bebe Água (Fumpac) e do Encontro Sancristovense de Cultura Popular e Outras Artes (Escoa); Governo do Estado de Sergipe, através da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) e Governo do Brasil. O Festival conta ainda com patrocínio da Celi, Banco do Nordeste, Iguá Sergipe, Ecoparque Sergipe e Caixa. O apoio fica por conta da SE – Sistema Engenharia, Colortex Tintas, Unir Locações e Serviços e Vitória Transportes.

Adanilo Costa
Adanilo Costa
Neto Astério
Neto Astério
Maiara Quaranta
Maiara Quaranta
Felicia Clark
Felicia Clark
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Rebeca Leão/Foto: Erick O'Hara
Rebeca Leão/Foto: Erick O'Hara
Pedro Estevão/Foto: Erick O'Hara
Pedro Estevão/Foto: Erick O'Hara
Carmen Verônica/Foto: Erick O'Hara
Carmen Verônica/Foto: Erick O'Hara
Foto: Dani Santos
Foto: Dani Santos
Foto: Dani Santos
Foto: Dani Santos
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
Foto: Erick O'Hara
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