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Protagonismo que salta aos olhos — quando a arte desvela a realidade social no contexto escolar

A escola é o espaço de expressão, de construção da consciência crítica e de transformação social.

Colaboração para o Jornal Online Alagoas
Por: Colaboração para o Jornal Online Alagoas Fonte: Cícero Bezerra
23/12/2025 às 21h20 Atualizada em 23/12/2025 às 21h48
Protagonismo que salta aos olhos — quando a arte desvela a realidade social no contexto escolar
Fotos: Colaboração para o Jornal Online Alagoas

Protagonismo que salta aos olhos — quando a arte desvela a realidade social no contexto escolar

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As obras doravante apresentadas revelam um olhar sensível e crítico sobre o cotidiano de sujeitos historicamente invisibilizados. Nos traços firmes e, ao mesmo tempo, delicados, a arte se transforma em linguagem de denúncia, memória e pertencimento.

Na primeira composição – “Rostos da Cana: memórias e resistência”, do aluno Luiz Eduardo dos Santos - o rosto marcado, envolto por elementos da cana-de-açúcar, simboliza a força e as cicatrizes de quem carrega no corpo e na história o peso do trabalho, da resistência e da identidade cultural. O olhar frontal interpela o observador e exige reconhecimento: há humanidade, dor e dignidade ali representadas. A cana-de-açúcar, ao fundo, são representadas como um emaranhado que circunda e aprisiona a figura humana, sugerindo tanto o ambiente físico do canavial quanto o peso histórico e social da monocultura no território de Rio Largo (AL). O elemento mais marcante é o rosto humano, cuja expressão carrega dureza e introspecção. Nele, destacam-se os rasgos na face, representados como fendas ou cicatrizes abertas.

Em “Memórias que Correm no rio Mundaú, Águas que Sustenta Histórias”, de autoria do aluno Samuel Freitas, três elementos centrais emergem de forma destacada: o homem na canoa, dedicado à pesca; a mulher, carregando sobre a cabeça um cesto de trabalho; e a criança, que caminha rumo à escola, acenando em despedida. Cada um deles é capturado com atenção à postura, aos gestos e às expressões, que revelam tanto o esforço cotidiano quanto a resiliência das pessoas. A presença da criança introduz um elemento simbólico de transformação: enquanto os adultos se mantêm no labor árduo, a educação surge como possibilidade de novos horizontes, oferecendo caminhos distintos de resistência e de emancipação. O Rio Mundaú aparece como testemunha silenciosa da vida comunitária: suas águas alimentam, conectam e sustentam famílias que vivem em constante luta pela sobrevivência.

O terceiro desenho – “Mãos que sustentam: o ofício das catadoras de sururu na laguna Mundaú”, do aluno Darllys Kauã de Omena, os traços, ora suaves, ora mais fortes foram dispostos propositalmente objetivando a reflexão com relação ao papel da mulher na sociedade e as formas de resistência contemporânea. Sob uma perspectiva humanista, a cena transcende o simples registro visual, ao valorizar o protagonismo feminino no trabalho artesanal e na luta cotidiana pela sobrevivência. A figura da catadora não é apenas representação artística – um desenho, mas símbolo de dignidade, resistência e vínculo cultural com o território. No contexto de Alagoas, essa representação ganha ainda maior relevância, pois muitas alunas e alunos da rede pública estadual e, por conseguinte, da Escola Estadual Francisco Leão, em Rio Largo, possuem mães, tias, avós que vivem da coleta de sururu na Laguna Mundaú. Para Rio Largo, em particular, muitas mulheres fazem viagens diárias de idas vindas à laguna Mundaú, buscando o sururu para a alimentação familiar e/ou comercialização na feira local, nas praças ou em pontos de ônibus.

A arte, nesse contexto, cumpre sua função social ao revelar realidades, provocar reflexão e valorizar saberes locais. Mais do que simples desenhos, as obras configuram-se como narrativas visuais que educam o olhar e reafirmam o papel da escola enquanto espaço de expressão, de construção da consciência crítica e de transformação social.

Nesse processo, os estudantes assumem lugar de protagonismo: são sujeitos que interpretam, narram e ressignificam o território em que vivem. Por meio da produção artística, evidenciam a dimensão política e social do espaço, revelando relações de trabalho, identidade, pertencimento e resistência. Assim, a arte escolar ultrapassa o campo estético e se consolida como prática formativa, crítica e emancipadora, capaz de dar visibilidade às vozes do território e de seus sujeitos.

 

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Fotos: Ascom

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