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Valorização da cultura afro-brasileira marca abertura do Fasc 2025 no Dia da Consciência Negra

Festival reforça representatividade e valoriza expressões culturais afro-brasileiras na Cidade Mãe de Sergipe

Colaboração para o Jornal Online Alagoas
Por: Colaboração para o Jornal Online Alagoas Fonte: Secom Sergipe
20/11/2025 às 18h55
Valorização da cultura afro-brasileira marca abertura do Fasc 2025 no Dia da Consciência Negra
Fotos: César de Oliveira

O Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc) abriu oficialmente sua edição 2025 nesta quinta-feira, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, com uma programação totalmente dedicada a artistas pretos e às diversas expressões culturais afro-brasileiras. Promovido pela Prefeitura de São Cristóvão, com co-realização do Governo de Sergipe, o primeiro dia do festival reafirmou o compromisso com a valorização da identidade, da ancestralidade e da potência criativa, que ocupa e transforma os espaços históricos da Cidade Mãe.

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Ao longo de todo o dia, a Praça São Francisco, o Centro Histórico e os diversos palcos do festival ganharam vida com ritmos, cores e narrativas que celebram a cultura negra em suas mais diversas expressões. Danças, cortejos, rodas de samba, poesia, literatura, teatro e manifestações de matriz africana marcaram a abertura da programação, convidando o público a vivenciar uma experiência de celebração, reflexão e reconhecimento do papel fundamental da população negra na formação cultural de Sergipe e do Brasil.

Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Projeto Sambalá, do terreiro Alarokê, na Bica dos Pintos, que levou ao Fasc um repertório carregado de ancestralidade, espiritualidade e força coletiva. Para a coordenadora do projeto, Rita Avelar, a abertura do festival foi marcada por emoção e simbolismo. “É uma alegria imensa dar início ao Fasc, especialmente em uma data tão simbólica e representativa para todos nós. A energia do festival está maravilhosa: o público participando, muita gente se divertindo, turistas circulando pela cidade e os moradores recebendo todo mundo com muito carinho”, destacou. 

No Salão de Literatura, os escritores compartilharam suas obras, experiências e visões de mundo, ampliando o debate sobre representatividade e a necessidade de incluir mais narrativas negras na produção literária. A escritora e apresentadora Elisama Santos destacou a importância de discutir relações saudáveis e o bem-estar emocional dentro da perspectiva da população negra.

“Falar sobre violência, limites e relações saudáveis também é revolucionário para nós. Passamos tanto tempo aprendendo a sobreviver, que viver com qualidade e construir vínculos que nos façam bem se torna uma conquista. É potente trazer esse debate para um evento como o Fasc, que reafirma nossa existência plena e nossa saúde emocional.” refletiu Elisama. 

Os Cortejos Mestre Nega, Burundanga e Pífano São José também movimentaram a Praça da Bandeira, levando música, ritmo e ancestralidade às ruas. As apresentações conduziram o público a reflexões sobre memória, identidade e a força das tradições que seguem pulsando no território sergipano.

José Domingos, de 73 anos, que veio do município de Cristinápolis com o grupo Pífano de São José, destacou a emoção de participar do festival. “Para nós, que carregamos a tradição do pífano há tantos anos, é uma grande honra tocar em um festival tão respeitado. Ver o público vibrando, reconhecendo e valorizando nossa cultura, aquece o coração.”

Amanda Castelo, musicista que se apresentou no cortejo do Burundanga, destacou a força simbólica de participar do festival. “É uma emoção enorme, um sentimento profundo de valorização e pertencimento à cultura negra. Tocar aqui reforça nossas raízes e tudo o que nos conecta a essa história. Quero aproveitar cada instante desse festival, que é tão rico em tradição e ancestralidade.”

Público aprova

O clima de celebração tomou conta das ruas, reunindo moradores e turistas que chegaram à Cidade Mãe especialmente para acompanhar o festival. Entre orgulho, emoção e encantamento, os visitantes destacaram a importância de ver o Fasc reconhecer e valorizar a cultura afro-brasileira, fortalecendo a representatividade e a ocupação de espaços historicamente simbólicos.

Verusca Barbosa, que estava acompanhada da filha Duda Barbosa, destacou a experiência de retornar ao Fasc e a importância de viver a programação no Dia da Consciência Negra. “Ouvi tantos elogios do Samba da Bica que neste ano vim direto para cá. A cidade está linda, e ainda celebrando o 20 de Novembro, uma data tão significativa. Trouxe minha filha para que ela possa entender, conhecer e participar, porque isso aqui é cultura, e a gente precisa fazer parte disso”, ressaltou.

O músico Jairo Pereira destacou a força simbólica da abertura do festival e a conexão com o 20 de Novembro. “O Fasc é energia total! Estar aqui no Dia da Consciência Negra torna tudo ainda mais significativo. Este festival celebra a arte, mas também reafirma nossas histórias, nossas lutas e a importância da cultura negra na construção do que somos. É uma honra enorme fazer parte desse momento.”

As amigas Deise Maria e Mônica Trindade acompanharam a roda de conversa com escritoras no Salão de Literatura e destacaram a importância da programação. “É a minha primeira vez no Fasc e o que mais me chamou atenção foi a palestra da Elisama. Percebo como o evento é diverso, com várias tribos reunidas, e isso é muito importante, especialmente quando tratamos de temas como letramento e consciência racial”, disse Deise.

Já Mônica ressaltou a identidade da cidade e como ela se conecta ao festival. “Esse momento está sendo muito ancestral para mim. A cidade já carrega uma riqueza enorme de ancestralidade, e tudo isso se encaixa perfeitamente com esse lindo evento cultural”.

A turista Emilly Matos, de Salvador, destacou o encantamento com a atmosfera do festival. “Estou simplesmente encantada. É uma festa linda, de uma riqueza cultural enorme, e estou aproveitando cada momento. Só a passagem de som dos cortejos já é de arrepiar, imagina o restante da programação”.

O curador Vitú de Souza, que veio de Belo Horizonte especialmente para pesquisar o festival, ressaltou a importância do encontro para sua trajetória artística. “Há algum tempo venho procurando um festival de artes negras que realmente ampliasse meu repertório e dialogasse com o que estudo e pesquiso. Aqui encontrei uma pluralidade incrível de artistas, experiências e narrativas que me atravessam profundamente. É inspirador ver tanta potência reunida, tanta história sendo celebrada”.

Sobre o Fasc

O Festival de Artes de São Cristóvão consolidou-se desde a década de 1970 como um dos maiores encontros culturais do Nordeste, reunindo artistas locais e de diversas partes do país em múltiplas linguagens artísticas. Após um intervalo em 2005, o evento retornou em 2017, reafirmando o papel de São Cristóvão como um importante polo de produção e difusão cultural no Brasil.

Com palcos espalhados pelo Centro Histórico e também em diferentes bairros, o Fasc oferece uma vivência completa, que integra música, teatro, dança, literatura, artes visuais, cinema e outras expressões, celebrando a riqueza cultural da quarta cidade mais antiga do país.

O Fasc é apresentado pelo Ministério da Cultura, com realização da Prefeitura de São Cristóvão, por intermédio da Fundação Municipal do Patrimônio e da Cultura João Bebe Água (Fumpac) e do Encontro Sancristovense de Cultura Popular e Outras Artes (Escoa);  Governo do Estado de Sergipe, através da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) e Governo do Brasil.  O Festival conta ainda com patrocínio da Celi, Banco do Nordeste, Iguá Sergipe, Ecoparque Sergipe e Caixa. O apoio fica por conta da SE – Sistema Engenharia, Colortex Tintas, Unir Locações e Serviços e Vitória Transportes.

As amigas Deise Maria e Mônica Trindade
As amigas Deise Maria e Mônica Trindade
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